TRIZOTO Henrique A.1
O Erechim que vemos no limiar deste século XXI é fruto de núcleos de colonização
que foram se estabelecendo nos entornos da estrada de ferro a partir de 1910. Um fator
relevante para este nucleamento eram os problemas sociais pelas quais as colônias
velhas vinham enfrentando, sendo o deslocamento de grupos de pessoas para colonizar
novas regiões foi a solução encontrada pelo governo estadual.
Este processo tinha como característica um planejamento estratégico seguindo a
legislação vigente sob o comando da Inspetoria de Terras. Todavia, este processo não
era unicamente estatal, empresas particulares também podiam organizar núcleos de
colonização, destacando-se a Bertei, a Sertaneja, e principalmente a Luce Rosa e a ICA
(Jewish Kolonization Association).
As levas de imigrantes que chegavam estabeleciam-se em Erechim, Paiol Grande
e Barro (Getúlio Vargas, Erechim e Gaurama respectivamente), este processo durou até o
ano de 1913. Estes grupos, logo encontravam-se com os antigos moradores da colônia
(posseiros, índios e negros). Vieram para a colônia as seguintes etnias: Poloneses,
Italianos, Alemães, Israelitas, Suecos, Holandeses, Romenos, Tchecos, Lituanos,
Espanhóis, Portugueses, Ucranianos, Turcos, Armênios, Sirio Libaneses, Russos,
Austríacos, Iuguslavos, Japoneses, Árabes e Ucranianos.
Com o Objetivo de evitar erros ocorridos em experiências anteriores, a Diretoria de
Terras e Colonização buscava fazer da Colônia de Erechim um modelo de organização,
para isso foi realizado um criterioso levantamento do curso das águas e da estrada de
ferro para aí sim iniciar a divisão dos lotes.
A escolha deste local para ser a sede da Colônia Erechim foi feita pelo engenheiro
Torres Gonçalves, que traçou a planta da cidade seguindo o modelo de grandes capitais,
como Paris e Buenos Aires e Belo Horizonte (dotadas de traços inconfundíveis da teoria
positivista da qual era adepto).
A planta da cidade de Erechim parte de um traçado geométrico, com uma praça
central para onde convergem 10 avenidas. Divididas em 4 quadrantes, os nomes das ruas
recebem forte influência positivista: valorização dos mortos, dos vultos históricos, o núcleo
original, centro atual, foi construído em relevo plano.
Os lotes urbanos mediam 1000 m². Isso era para que a família tivesse um pomar,
uma horta, local para criação de animais, residência ampla e área de lazer. Também era
1 TRIZOTO Henrique A. Coordenador do Arquivo Histórico Municipal Dr. Juarez Miguel Illa Font.
objetivo que a propriedade recebesse luz sol durante todo o dia. Os lotes rurais mediam
250 mil metros (ou 25 hectares), tendo em vista que o estado adotou pequena
propriedade como forma de divisão de terras para a região.
No Povoado Paiol Grande, a construção das casas começou em fevereiro de 1910.
A primeira construção foi a da Estação Ferroviária. As primeiras construções foram
destinadas ao escritório da Comissão de Terras, a enfermaria ao depósito de materiais e
dois barracões para a hospedagem dos imigrantes. Neste mesmo ano a população atingiu
226 pessoas. Em seguida, foram abertas as ruas principais e contava-se no povoado 50
casas habitadas e 22 em construção, todas de madeira. Havia também 9 casas
comerciais, uma barbearia, uma alfaiataria, três padarias e um açougue.
As construções das casas eram todas de madeira. As primeiras casas construídas
pelos colonos eram extremamente rústicas em função da falta de equipamentos e da
urgência para a construção. Era preciso instalar a família e começar a trabalhar logo.
Embora os imigrantes tivessem diversas origens étnicas, suas casas eram muito
semelhantes: paredes com tábuas largas, vedadas por mata-juntas, cobertas com
tabuinhas lascadas e tinham três andares: porão, térreo e sótão. A casa era simples e
servia para resolver os problemas básicos de moradia, armazenamento de gêneros,
guarda dos animais, etc.
Em 1918, mais especificamente no dia 30 de abril de 1918 criou-se o município de
Boa Vista do Erechim sob o decreto nº 2.342 de 30/04/18 assinado pelo então presidente
do estado o Dr. Antonio Augusto Borges de Medeiros.
Referências:
CASSOL, Ernesto. Histórico de Erechim. Passo Fundo: SEP/CESE - Instituto SocialPadre
Berthier. 1979.
DUCATTI NETO, Antonio. O Grande Erechim e sua História. Porto Alegre: EST, 1981.
ILLA FONT, Juarez Miguel. Serra do Erechim. Tempos Heroicos. Erechim: Carraro, 1983.
KARNAL, Oscar da Costa. Subsídios para a História do Município de Erechim, Porto
Alegre: Globo,1926.
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