segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um pouco sobre o início de Erechim

TRIZOTO Henrique A.1


O Erechim que vemos no limiar deste século XXI é fruto de núcleos de colonização que foram se estabelecendo nos entornos da estrada de ferro a partir de 1910. Um fator relevante para este nucleamento eram os problemas sociais pelas quais as colônias velhas vinham enfrentando, sendo o deslocamento de grupos de pessoas para colonizar novas regiões foi a solução encontrada pelo governo estadual. Este processo tinha como característica um planejamento estratégico seguindo a legislação vigente sob o comando da Inspetoria de Terras. Todavia, este processo não era unicamente estatal, empresas particulares também podiam organizar núcleos de colonização, destacando-se a Bertei, a Sertaneja, e principalmente a Luce Rosa e a ICA (Jewish Kolonization Association). As levas de imigrantes que chegavam estabeleciam-se em Erechim, Paiol Grande e Barro (Getúlio Vargas, Erechim e Gaurama respectivamente), este processo durou até o ano de 1913. Estes grupos, logo encontravam-se com os antigos moradores da colônia (posseiros, índios e negros). Vieram para a colônia as seguintes etnias: Poloneses, Italianos, Alemães, Israelitas, Suecos, Holandeses, Romenos, Tchecos, Lituanos, Espanhóis, Portugueses, Ucranianos, Turcos, Armênios, Sirio Libaneses, Russos, Austríacos, Iuguslavos, Japoneses, Árabes e Ucranianos. Com o Objetivo de evitar erros ocorridos em experiências anteriores, a Diretoria de Terras e Colonização buscava fazer da Colônia de Erechim um modelo de organização, para isso foi realizado um criterioso levantamento do curso das águas e da estrada de ferro para aí sim iniciar a divisão dos lotes. A escolha deste local para ser a sede da Colônia Erechim foi feita pelo engenheiro Torres Gonçalves, que traçou a planta da cidade seguindo o modelo de grandes capitais, como Paris e Buenos Aires e Belo Horizonte (dotadas de traços inconfundíveis da teoria positivista da qual era adepto). A planta da cidade de Erechim parte de um traçado geométrico, com uma praça central para onde convergem 10 avenidas. Divididas em 4 quadrantes, os nomes das ruas recebem forte influência positivista: valorização dos mortos, dos vultos históricos, o núcleo original, centro atual, foi construído em relevo plano. Os lotes urbanos mediam 1000 m². Isso era para que a família tivesse um pomar, uma horta, local para criação de animais, residência ampla e área de lazer. Também era 1 TRIZOTO Henrique A. Coordenador do Arquivo Histórico Municipal Dr. Juarez Miguel Illa Font. objetivo que a propriedade recebesse luz sol durante todo o dia. Os lotes rurais mediam 250 mil metros (ou 25 hectares), tendo em vista que o estado adotou pequena propriedade como forma de divisão de terras para a região. No Povoado Paiol Grande, a construção das casas começou em fevereiro de 1910. A primeira construção foi a da Estação Ferroviária. As primeiras construções foram destinadas ao escritório da Comissão de Terras, a enfermaria ao depósito de materiais e dois barracões para a hospedagem dos imigrantes. Neste mesmo ano a população atingiu 226 pessoas. Em seguida, foram abertas as ruas principais e contava-se no povoado 50 casas habitadas e 22 em construção, todas de madeira. Havia também 9 casas comerciais, uma barbearia, uma alfaiataria, três padarias e um açougue. As construções das casas eram todas de madeira. As primeiras casas construídas pelos colonos eram extremamente rústicas em função da falta de equipamentos e da urgência para a construção. Era preciso instalar a família e começar a trabalhar logo. Embora os imigrantes tivessem diversas origens étnicas, suas casas eram muito semelhantes: paredes com tábuas largas, vedadas por mata-juntas, cobertas com tabuinhas lascadas e tinham três andares: porão, térreo e sótão. A casa era simples e servia para resolver os problemas básicos de moradia, armazenamento de gêneros, guarda dos animais, etc. Em 1918, mais especificamente no dia 30 de abril de 1918 criou-se o município de Boa Vista do Erechim sob o decreto nº 2.342 de 30/04/18 assinado pelo então presidente do estado o Dr. Antonio Augusto Borges de Medeiros. Referências: CASSOL, Ernesto. Histórico de Erechim. Passo Fundo: SEP/CESE - Instituto SocialPadre Berthier. 1979. DUCATTI NETO, Antonio. O Grande Erechim e sua História. Porto Alegre: EST, 1981. ILLA FONT, Juarez Miguel. Serra do Erechim. Tempos Heroicos. Erechim: Carraro, 1983. KARNAL, Oscar da Costa. Subsídios para a História do Município de Erechim, Porto Alegre: Globo,1926.

Nenhum comentário:

Postar um comentário